A criação do primeiro RPG se deu na primeira metade da década de 1970, e tem como base os jogos de estratégia, ou wargames, comumente chamados de jogos de miniaturas. Esses jogos utilizam pequenas miniaturas de soldados, que por sua vez, organizados pelos jogadores em exércitos, são dispostos em um terreno ou mesa onde batalhas são simuladas, seguindo certas regras. Os conflitos ocorrem nas mais diferentes ambientações, e podem simular desde combates medievais, lutas na Segunda Grande Guerra e até no espaço sideral.
Embora as miniaturas venham sendo utilizadas ao longo dos séculos como recursos para estabelecer estratégias reais de combate, é aceito entre os praticantes desse jogo que essa modalidade foi criada por H. G. Wells, em seu livro “Little Wars”, publicado em 1913, que gerou uma série de novas publicações e centenas de regras para serem usados nos mais diferentes cenários.
Em 1971, o norte-americano Gary Gygax, um aficionado pela obra de J. R. R. Tolkien, autor de “O Hobbit” e “O Senhor dos Anéis”, publicou juntamente com o também norte-americano Jeff Perren o livreto de regras para miniaturas “Chainmail”, onde as batalhas ocorriam num cenário com elementos de fantasia medieval, como elfos, dragões, magos, gigantes e trolls, nitidamente baseado na obra tolkieniana. O que o diferenciou dos demais jogos de estratégia foi que, ao contrário dos outros, Chainmail trazia regras para combate mano-a-mano, pois, até então, cada miniatura podia representar de dez até cem homens no jogo.
Com o sucesso do livro, Gary Gygax começou a se corresponder com outros jogadores que estavam apreciando a idéia de usarem uma miniatura para representar somente um homem. Um desses jogadores era o norte-americano Dave Arneson, que além de simular as batalhas em campo aberto, começou a jogar em outros ambientes fechados com grupos menores de soldados, como cavernas, calabouços e castelos, com outros elementos, como passagens secretas, armadilhas e labirintos. Essa troca de correspondências entre os dois fez com que criassem um novo conjunto de regras para esses novos tipos de situações. Assim, em janeiro de 1974, surgia o primeiro role-playing game, o Dungeons & Dragons. O sucesso do jogo fez com que um desenho animado homônimo fosse lançado na década de 80. No Brasil, o sucesso se repetiu, e o desenho ficou conhecido como Caverna do Dragão.
No Brasil, no final da década de 70 e no início dos anos 80, o RPG era praticado em escolas e universidades por pessoas que haviam feito intercâmbio nos EUA e traziam os livros de lá. Esses eram fotocopiados, o que fez com que o período ficasse conhecido pelos jogadores de RPG como “Geração Xerox”.
Somente no início da década de 90, títulos de RPG começaram a ser traduzidos para a língua portuguesa, e outros começaram a ser produzidos no Brasil, como “Tagmar” e “O Desafio dos Bandeirantes”, este último com temática totalmente brasileira. Desde então, muitas editoras surgiram, revistas especializadas vêm sendo publicadas, eventos e encontros de RPG são realizados por todo o Brasil. Hoje em dia, jogar RPG faz parte das atividades de muitas crianças, adolescentes e adultos, o que comprova a proliferação do hobby em nosso país.